Minha manhã não tem aroma de café
Tem cheiro de fritura da panela da vizinha
Minha manhã não tem sabiá cantando
Tem engarrafamento com buzina
Hoje eu vou tomar o meu 46
Nesta manhã é o que me resta
Hoje eu vou tomar o meu 46
Tirar da minha vida o que não presta
Na minha tarde o calor me atormenta
Notícias são as mesmas, tudo é normal
Formas diferentes da mesma violência
E uma fofoca no final
Hoje eu vou tomar o meu 46
Nesta tarde é o que me resta
Hoje eu vou tomar o meu 46
Tirar da minha vida o que não presta
As minhas noites não são solitárias
Tenho na tela muitos astros
Rostos de atores sempre tão iguais
Mesmos personagens, os mesmos finais
Hoje eu vou tomar o meu 46
Nesta noite é o que me resta
Hoje eu vou tomar o meu 46
Tirar da minha vida o que não presta